Quem disse que sou um covarde
Sucumbindo ante as dificuldades?
Quem disse que sou corpo feito de alimentos?
A Vida não é figura de cera, não é figura de gesso.
Eu sou ciclone, sou furacão, sou redemoinho.
Eu transformo o ambiente, como se dobrasse um arame,
No aspecto que eu desejo.
Eu sou uno com a poderosa força
Que criou o Universo.
Eu sou a própria energia
Que da atmosfera faz o relâmpago,
Que transforma os raios solares em arco-íris,
Que faz eclodir do negro solo as rubras flores,
Que faz explodir os vulcões.
E que criou o sistema solar a partir da nebulosa.
Que é ambiente? Que é destino?
Na hora exata, quando eu quiser,
Eu me liberto do mais triste destino
Como o peixe que se esgueira pelas fendas.
Não sou ferro, Não sou argila,
Sou Vida.
Sou energia viva.
Não sou matéria inerte Moldado pela situação
Ou pelo destino.
Eu sou como o ar: Quanto mais comprimido for,
Mais força manifesto.
Tal como a bomba explode a rocha.
Eu sou Vida que, No momento certo,
Rompe impetuosamente a situação ou destino.
Sou também como a água.
Nenhuma barreira poderá represar-me.
Se barrarem a minha passagem
Colocando grandes pedras no meu leito,
Converter-me-ei em torrente, cachoeira,
E saltarei impetuosamente.
Se me fecharem todas as saídas,
Eu me infiltrarei no subsolo.
Permanecerei oculto por algum tempo,
Mas não tardarei a reaparecer.
Em breve estarei jorrando
Através de fontes cristalinas
Para saciar deliciosamente a sede dos transeuntes.
Se me impedirem também de penetrar no subsolo
Eu me transformarei em vapor,
Formarei nuvens e cobrirei o céu.
E, chegando a hora,
Atrairei furacão, provocarei relâmpagos e trovões,
Desabarei torrencialmente, inundarei e romperei
Quaisquer diques e serei finalmente um grande oceano."
("Vida Vívida", Masaharu Taniguchi)