O Eu Verdadeiro é o ser real completo e perfeito, que não diminui nem aumenta em decorrência da satisfação dos sentidos. O eu que considera a satisfação dos sentidos uma conquista é o falso eu. É por isso que na Prajña-paramitá-sutra, que é uma escritura comum a todas as seitas do Budismo, está escrito que “Os cinco ‘skandha’ que constituem o corpo e os pensamentos do homem revertem-se ao nada”. Cinco skandha são cinco tipos de acúmulos que são: matéria, sensações, pensamentos, atos e consciência. Skandha é uma palavra sânscrita que significa acúmulo de vibrações (agregados). Portanto, cinco skandha significam cinco espécies de acúmulos resultantes de vibrações mentais. A matéria (corpo carnal) é um acúmulo de vibração mental; os cinco sentidos que captam a matéria também são acúmulos resultantes da vibração mental; pensamentos e atos decorrentes disso, bem como a consciência que as distingue são em última análise, diferentes efeitos de vibrações semelhantes a ondas de rádio. Tudo isso não tem existência real e está fadado a se extinguir. Quando compreende isso o homem se liberta de todos os sofrimentos, conforme está escrito na Prajña-paramitá-sutra. Essa sutra é por assim dizer, a condensação de toda a doutrina budista. Quando compreendemos que todas as coisas do mundo fenomênico bem como o próprio eu carnal que capta coisas fenomênicas são originariamente inexistentes, desfazem-se todos os apegos e, consequentemente, nossa mente torna-se livre e passamos a manifestar a nossa perfeita natureza original de Filho de Deus. Esse é o grande mérito da prática de Prajña-paramitá (ou seja, prática da meditação Shinsokan). Na referida sutra está escrito: “Vivendo-se em conformidade com Prajña-paramitá (sabedoria divina), desfazem-se os apegos, desfazendo-se os apegos, o homem supera o medo, afasta de si todas as atribulações e ilusões, e alcança a liberdade total”.
Durante mais de quarenta anos, Sakyamuni se empenhou em pregar o nada (a inexistência do fenômeno) e a anulação do eu. E, após passar todo esse tempo pregando a negação do eu fenomênico, do eu falso, finalmente revelou a existência do eu verdadeiro (Jissô) através da sutra do Nirvana.
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