sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Seimei no Jisso
"Seimei no Jisso" significa Aspecto Real da nossa vida. A Ciência da Vida pesquisa o aspecto fenomênico da vida, isto é, apreende a vida, como fenômeno. A vida, como fenômeno, manifesta-se de variadas maneiras, conforme mudem as condições. Ou seja, após nascer: cresce, envelhece, adoece e morre. Portanto, a vida fenomênica é inconstante. Uma coisa que, dessa forma se transforma, não é Realidade. O Ser Real não sofre transformações e é a coisa imutável que está por trás daquilo que se transforma. Para que seja possível a ocorrência de uma transformação, em outras palavras, para que "A" possa se transformar em "B", é necessário que haja um corpo verdadeiro imutável que, enquanto "A" se transforma em "B" seja comum tanto a "A" como a "B".
Na ausência deste corpo verdadeiro, imutável, se houver o desaparecimento de "A" e o aparecimento de "B", "A" e "B" serão coisas completamente distintas e sem relação alguma entre si. Então, não poderíamos dizer que "A" se transformou em "B". "A" se transforma em "B" tendo no FUNDO o corpo verdadeiro perene e imutável, que não se transforma. Tanto "A" como "B", que se manifestam como transformações, são fenômenos e o corpo verdadeiro, perene e imutável, que está por trás das transformações, é o Jisso.
Nós nascemos, crescemos, envelhecemos, adoecemos e morremos - em outras palavras, sofremos transformações - mas, ensinanos a Fisiologia que as células corporais com as quais nascemos estarão completamente repostas por novas células após 15 anos de vida. Ou seja, segundo a Fisiologia, uma pessoa considerada no dia de hoje e a mesma pessoa há 15 anos atrás são, do ponto de vista do corpo físico, duas pessoas totalmente distintas uma da outra. Porém, a personalidade daquelas duas pessoas é a de uma única pessoa e há continuidade; tanto que, ela é responsável, ainda hoje, passados 15 anos, por um ato que tenha praticado 15 anos antes. O fato de uma pessoa ser responsável por um ato praticado pelo seu corpo físico, que está completamente reposto decorridos 15 anos, mostra que a continuidade da personalidade não é continuidade do corpo físico. Este é o sentido da expressão: "O homem não é corpo físico" que uso na filosofia "Seimei no Jisso".
Dei o nome "Seimei no Jisso" à vida imortal que, como Realidade, é contínua no fundo do mutável corpo físico. E, isso sim, é a "coisa verdadeira do homem". Esta "coisa verdadeira do homem" não sofre transformações, como envelhecer e morrer; é, por isso, o "eu perfeito e harmonioso que não sofre". Conhecer este "eu perfeito e harmonioso que não sofre" é despertar para o fato da "natural perfeição do Jisso".Quando se desperta, verdadeiramente, para o fato da "natural perfeição do Jisso", apagam-se os temores ao envelhecer, adoecer e morrer, e os sofrimento psíquicos e físicos da doença são extintos realmente pela influência deste despertar. Esta cura não lança mão de meios materiais e se baseia em métodos transcendentes à matéria; por isso, para se referir a este tipo de cura, uso a expressão "cura metafísica" (A cura aqui referida não se restringe às doenças físicas. Quando ocorre o despertar para o "Jisso do eu que é naturalmente perfeito", espontaneamente nasce, na mente, um estado de desapego que faz desaparecer todos os sofrimentos da vida.)
A essência de todas as religiões - em outras palavras, o princípio básico da salvação que é comum a todas as religiões - se identifica com a Verdade pregada na filosofia do "Jisso". Por isso, pessoas criadas dentro das tradições religiosas as mais diversas mostram-se muito contentes, sem mudarem de religião, continuando a reverenciar o Padroeiro da religião tradicional da família, por terem apreendido o princípio da salvação que constitui a sua essência e poderem aplicá-lo na vida prática.
"A Verdade da Vida, vol. 01 -- prefácio".
http://busca-espiritual.blogspot.com/2009/07/filosofia-do-jisso.html
Até o inanimado ensina o Dharma
(Texto: Venerável Mestre Hsing Yün | Foto: Divulgação) Podemos dividir os fenômenos caleidoscópicos do mundo em dois diferentes grupos: seres sencientes e seres inanimados. Seres sencientes são humanos, pássaros, animais, enquanto os inanimados são montanhas, rios, árvores, flores, entre outros. Quando um ser senciente ensina o Dharma, podemos ouvi-lo; quando um ser inanimado o faz, isso é ainda mais aprazível e tocante. “Quando o mestre Daosheng expõe o darma, até a mais dura rocha concorda.” Nesse caso, não é só o mestre Daosheng que está ensinando o dharma. A dura rocha também está ensinando. Se a dura rocha não estivesse ensinando, como poderia ela concordar? Vemos nuvens brancas flutuando livremente no céu e rios fluindo sinuosos e serenos para o mar; a naturalidade das nuvens brancas e a serenidade dos rios nos mostra o quão libertos eles são. Vemos a mudança das estações, a passagem do tempo, as flores que desabrocham para depois murchar, o envelhecimento das coisas – esse é o modo como a natureza nos ensina o significado da impermanência. Podemos usar nossos ouvidos para escutar os ensinamentos dos seres sencientes, mas devemos usar nosso coração para ouvir o inanimado. Na verdade, tudo em nossa vida diária nos ensina alguma coisa. As flores da primavera e a lua de outono são agradáveis de observar, os pássaros que cantam e os insetos que zumbem deliciando nossos ouvidos. Mesmo o chá do mestre Ch’an Zhaozhou e os biscoitos do mestre Ch’an Yunmen são instrumentos para ensinar o dharma. Seja o som do tambor, seja o soar do sino do templo quando amanhece e anoitece ou a sinfonia dos diferentes instrumentos de darma, tudo ensina o dharma. Desastres naturais são um meio usado pela Terra para nos lembrar de quão frágil é o nosso mundo; por meio das flores murchas, a natureza nos ensina sobre a impermanência da vida. Guerras e batalhas evidenciam o sofrimento e o vazio da vida; a doença, o envelhecimento e a morte mostram que nosso corpo é fonte de sofrimento. Olhe à sua volta durante o dia. Não importa o que você esteja fazendo – se vestindo, comendo, descansando, viajando, caminhando, sentando, aguardando, dormindo –, em tudo poderá ver o surgimento, a existência, a mudança e a extinção de todos os fenômenos. Testemunhamos o nascimento, o envelhecimento, a doença e a morte dos seres sencientes. Todas essas coisas nos ensinam o dharma. Um mestre Ch’an pegou um espanador e disse: “Você entende?”. Se entender o significado disso, você é iluminado. Um mestre Ch’an pode apontar para uma árvore no jardim e perguntar: “Você sabe?”. Se souber, você é um praticante Ch’an. Entretanto, o eco de um vale profundo ou a música da natureza não são tão fáceis de entender. “Coma quando tem fome e vá deitar-se quando tiver sono” é o dharma do dia-a-dia. “Dar sem apego e ajudar os outros abnegadamente” é a mais elevada forma de ensinamento. Se você puder ouvir não apenas os ensinamentos dos seres sencientes, mas também compreender os ensinamentos do inanimado, terá descoberto o significado da vida. Poderá, então, livrar-se da ignorância e tornar-se iluminado. |
Créditos: Venerável Mestre Hsing Yün é o 48º patriarca do budismo chinês da escola Ch’an. Fundador do Monastério Fo Guang Shan, em Taiwan, e do Templo Zu Lai, em Cotia (SP), entre outros ao redor do mundo. |
Os cinco Skandha (agregados ou elementos)
1º Skandha – Criação da Ignorância-Forma, três aspectos ou fases diferentes que podemos examinar empregando outra metáfora. Suponhamos que, no princípio, haja uma planície aberta sem montanhas nem árvores, uma terra completamente aberta, um simples deserto sem nenhuma característica especial. Eis aí como somos, o que somos. Somos simples e básicos. E, todavia, há um Sol que brilha, uma Lua que brilha, e haverá luzes e cores, a textura do deserto. Haverá alguma sensação da energia que brinca entre o Céu e a Terra. E, assim por diante, indefinidamente.
Depois, estranhamente, surge de improviso, alguém para notar tudo isso. Como se um dos grãos da areia espichasse o pescoço para fora e principiasse a olhar à sua volta. Nós somos o grão de areia, chegando a conclusão do nosso estado de separação. Este é o “Nascimento da Ignorância” em seu primeiro estágio, uma espécie de reação química. A dualidade começou.
A segunda fase da Forma-Ignorância dá-se o nome de “A Ignorância Nascida no Interior”. Tendo reparado que somos isolados, sobrevém a sensação de que sempre fomos assim. É uma inépcia, o instinto da constrangedora consciência e si mesmo.
O terceiro tipo é a “Ignorância que se Observa”, que se vigia. Há um sentido de nos vermos como objeto externo, o que conduz à primeira noção do “outro”. Estamos começando a relacionar-se com um mundo chamado “externo”. É por isso que os três estágios da ignorância constituem o Skandha da Forma-Ignorância; estamos começando a criar o mundo das formas.
2º Skandha – Sensação, como mecanismo de defesa para proteger a nossa ignorância. Desde que já ignoramos o espaço aberto, gostaríamos de sentir as qualidades do espaço sólido a fim de trazer completa satisfação à índole gananciosa que estamos desenvolvendo. Nós solidificamos todo o espaço e transformamos no “outro”.
3º Skandha – Percepção-Impulso, passamos a nos fascinar pela nossa própria criação, cores e as energias estáticas, queremos nos relacionar com elas e, dessa maneira, gradativamente, principiamos a investigá-las. São esses os três tipos de impulso: ódio, desejo e estupidez. Assim sendo, a percepção se refere à recepção de informações do mundo exterior e o impulso se refere à nossa resposta a essas informações.
4º Skandha – Conceito; A fim de proteger-nos e enganar-nos completa e adequadamente, precisamos do intelecto, da capacidade de nomear e categorizar as coisas. Assim rotulamos coisas e eventos qualificando-os “bons”, “maus”, “belos”, “feios”, etc., de acordo com o impulso que julgamos apropriados a eles. O “eu” é o produto do intelecto, o rótulo que unifica num todo o desenvolvimento desorganizado e desperso do ego.
5º Skandha – Consciência; Nesse nível se processa uma amálgama: a inteligência intuitiva do Segundo Skandha, a energia do Terceiro Skandha e a intelectualização do Quarto Skandha se misturam para produzir pensamentos e emoções. Nessas condições, no nível do Quinto Skandha, encontramos os Seis Reinos assim como padrões incontroláveis e ilógicos do pensamento discursivo.
Depois, estranhamente, surge de improviso, alguém para notar tudo isso. Como se um dos grãos da areia espichasse o pescoço para fora e principiasse a olhar à sua volta. Nós somos o grão de areia, chegando a conclusão do nosso estado de separação. Este é o “Nascimento da Ignorância” em seu primeiro estágio, uma espécie de reação química. A dualidade começou.
A segunda fase da Forma-Ignorância dá-se o nome de “A Ignorância Nascida no Interior”. Tendo reparado que somos isolados, sobrevém a sensação de que sempre fomos assim. É uma inépcia, o instinto da constrangedora consciência e si mesmo.
O terceiro tipo é a “Ignorância que se Observa”, que se vigia. Há um sentido de nos vermos como objeto externo, o que conduz à primeira noção do “outro”. Estamos começando a relacionar-se com um mundo chamado “externo”. É por isso que os três estágios da ignorância constituem o Skandha da Forma-Ignorância; estamos começando a criar o mundo das formas.
2º Skandha – Sensação, como mecanismo de defesa para proteger a nossa ignorância. Desde que já ignoramos o espaço aberto, gostaríamos de sentir as qualidades do espaço sólido a fim de trazer completa satisfação à índole gananciosa que estamos desenvolvendo. Nós solidificamos todo o espaço e transformamos no “outro”.
3º Skandha – Percepção-Impulso, passamos a nos fascinar pela nossa própria criação, cores e as energias estáticas, queremos nos relacionar com elas e, dessa maneira, gradativamente, principiamos a investigá-las. São esses os três tipos de impulso: ódio, desejo e estupidez. Assim sendo, a percepção se refere à recepção de informações do mundo exterior e o impulso se refere à nossa resposta a essas informações.
4º Skandha – Conceito; A fim de proteger-nos e enganar-nos completa e adequadamente, precisamos do intelecto, da capacidade de nomear e categorizar as coisas. Assim rotulamos coisas e eventos qualificando-os “bons”, “maus”, “belos”, “feios”, etc., de acordo com o impulso que julgamos apropriados a eles. O “eu” é o produto do intelecto, o rótulo que unifica num todo o desenvolvimento desorganizado e desperso do ego.
5º Skandha – Consciência; Nesse nível se processa uma amálgama: a inteligência intuitiva do Segundo Skandha, a energia do Terceiro Skandha e a intelectualização do Quarto Skandha se misturam para produzir pensamentos e emoções. Nessas condições, no nível do Quinto Skandha, encontramos os Seis Reinos assim como padrões incontroláveis e ilógicos do pensamento discursivo.
Esse é o retrato completo do ego.
(Livro-texto: Além do materialismo Espiritual, Lama Chogyan Trungpa)
Desenvolvimento do Ego
Há uma metáfora na literatura budista comumente empregada para descrever todo o processo, criação e desenvolvimento do ego. Refere-se a um macaco encerrado numa casa vazia, uma casa de cinco janelas, que representam os cinco sentidos. O macaco é curioso, vive enfiando a cabeça pelas cinco janelas e pulando para cima e para baixo, sem parar. É um macaco cativo numa casa vazia. Uma casa sólida, diferente da mata em que ele costumava saltar e balançar-se, diferente das árvores em que escutava o vento que se movia e o farfalhar das folhas e dos galhos. Todas essas coisas se tornaram completamente solidificadas. De fato, a própria mata passou a ser a sua casa sólida, a sua prisão. Em lugar de encarapitar-se numa árvore, o macaco curioso foi emparedado por um mundo sólido, como se uma coisa que flui, uma impressionante catarata, se houvesse de repente, congelado. A casa congelada, feita de cores e energias congeladas, está completamente imóvel. Esse parece ser o ponto em que o tempo começa como passado, futuro e presente. O fluxo das coisas torna-se tempo tangível sólido, sólida idéia de tempo.
O macaco curioso desperta de seu desmaio, mas não desperta completamente. Desperta para encontrar-se preso no interior de uma casa sólida, claustrofóbica, de apenas cinco janelas. Ele se aborrece, como se vivesse cativo num jardim zoológico por trás de barras de ferro, e procura explorar as barras, subindo e descendo por elas. O fato de haver sido capturado não tem muita importância; mas a idéia de captura é aumentada mil vezes em virtude do seu fascínio por ela. Quando estamos fascinados, o sentido da claustrofobia torna-se mais vívido, mais e mais agudo, porque começamos a explorar nosso aprisionamento. A fascinação, na verdade, é parte da razão porque ele permanece prisioneiro, capturado por ela.
No princípio, evidentemente, houve um súbito desmaio, que lhe confirmou a crença num mundo sólido. Mas agora, tendo aceitado a solidez como verdadeira, está preso na armadilha devido ao seu envolvimento nela.
É claro que o macaco não investiga o tempo todo. Começa a ficar agitado, começa a sentir que algo é muito repetitivo e desinteressante e torna-se neurótico. Ávido de entretenimento, busca sentir e apreciar a textura da parede, tentando certificar-se de que a aparente solidez é realmente sólida. A seguir, certo de que o espaço é sólido, o macaco passa a se relacionar com ele, agarrando-o, repelindo-o ou ignorando-o. Se tenta agarrar o espaço a fim de possuí-lo como sua própria experiência, sua própria descoberta, sua própria compreensão, isso é desejo. Ou, se o espaço lhe parece uma prisão, e ele tenta sair dela a murros e pontapés, lutando com vigor cada vez maior, isso é ódio. O ódio não é somente a mentalidade da destruição; mais do que isso, é uma sensação de defesa, de defesa de si mesmo contra a claustrofobia. O macaco não sente necessariamente que há um adversário ou inimigo se aproximando; ele simplesmente deseja fugir da prisão.
Finalmente, o macaco pode tentar não tomar conhecimento de que é prisioneiro ou de que existe algo de sedutor em seu ambiente. Age como se fosse surdo e mudo e, portanto, mostra-se indiferente e preguiçoso em relação ao que acontece ao seu redor. Isso é estupidez.
Retrocedendo um pouco, podemos dizer que o macaco nasceu em sua casa ao despertar do desmaio. Não sabe como chegou àquela prisão, por isso presume que sempre esteve lá, esquecido de que ele próprio solidificou o espaço em paredes. Depois, sente a textura das paredes, o que é o Segundo Skandha, Sensação. Depois, relaciona-se com a casa em termos de desejo, ódio e estupidez, o Terceiro Skandha, Percepção-Impulso. Depois, tendo desenvolvido essas três maneiras de relacionar-se com a casa, o macaco se põe a rotulá-la e categorizá-la: “Isto é uma janela. Este canto é agradável. Aquela parede me assusta e é má.” Desenvolve uma estrtura conceitual que lhe permite rotular, categorizar e avaliar a sua casa, o seu mundo, de acordo com o que sente por eles, se os deseja, se os odeia ou se lhes é indiferente. Esse é o Quarto Skandha, Conceito.
O desenvolvimento do macaco até o Quarto Skandha foi razoavelmente lógico e previsível. Mas o padrão de desenvolvimento começa a desagregar quando ele entra no Quinto Skandha, Consciência. O padrão torna-se irregular e imprevisível e o macaco começa a desvairar, a sonhar.
Quando falamos em “desvairo” ou “sonho”, queremos dizer que estamos dando às coisas e aos acontecimentos um valor que eles podem não ter. Possuímos opiniões já definidas sobre o modo como são e deveriam ser as coisas. Isso é projeção: projetamos a nossa versão das coisas sobre o que está ali. Assim, nos afundamos completamente num mundo de nossa própria criação, um mundo de valores e opiniões conflitantes. O desvario, nesse sentido, é uma interpretação errônea das coisas e dos eventos, que empresta ao mundo fenomenal significados que ele não tem.(...)
“Fundamentalmente, só existe o espaço aberto, o solo básico, o que realmente somos”
“ Nós somos esse espaço, nós “somos um” com ele, com a vidya, inteligência e abertura”
“Toda ação sem amor é como plantar uma árvore morta, mas tudo o que se relaciona com o amor é como plantar uma árvore viva”
“o Amor, o caminho aberto, está associado ao ‘que é’”
“Quando uma pessoa manifesta o verdadeiro Amor, não sabe se está sendo generosa para com os outros ou para consigo mesma, porque o Amor é uma generosidade ambiental, sem direção, sem “para mim” e sem “para eles”; é cheia de alegria, de uma alegria que existe espontaneamente, de uma alegria constante no sentido de confiança, no sentido de que a alegria contém uma enorme riqueza, um tesouro”
O macaco curioso desperta de seu desmaio, mas não desperta completamente. Desperta para encontrar-se preso no interior de uma casa sólida, claustrofóbica, de apenas cinco janelas. Ele se aborrece, como se vivesse cativo num jardim zoológico por trás de barras de ferro, e procura explorar as barras, subindo e descendo por elas. O fato de haver sido capturado não tem muita importância; mas a idéia de captura é aumentada mil vezes em virtude do seu fascínio por ela. Quando estamos fascinados, o sentido da claustrofobia torna-se mais vívido, mais e mais agudo, porque começamos a explorar nosso aprisionamento. A fascinação, na verdade, é parte da razão porque ele permanece prisioneiro, capturado por ela.
No princípio, evidentemente, houve um súbito desmaio, que lhe confirmou a crença num mundo sólido. Mas agora, tendo aceitado a solidez como verdadeira, está preso na armadilha devido ao seu envolvimento nela.
É claro que o macaco não investiga o tempo todo. Começa a ficar agitado, começa a sentir que algo é muito repetitivo e desinteressante e torna-se neurótico. Ávido de entretenimento, busca sentir e apreciar a textura da parede, tentando certificar-se de que a aparente solidez é realmente sólida. A seguir, certo de que o espaço é sólido, o macaco passa a se relacionar com ele, agarrando-o, repelindo-o ou ignorando-o. Se tenta agarrar o espaço a fim de possuí-lo como sua própria experiência, sua própria descoberta, sua própria compreensão, isso é desejo. Ou, se o espaço lhe parece uma prisão, e ele tenta sair dela a murros e pontapés, lutando com vigor cada vez maior, isso é ódio. O ódio não é somente a mentalidade da destruição; mais do que isso, é uma sensação de defesa, de defesa de si mesmo contra a claustrofobia. O macaco não sente necessariamente que há um adversário ou inimigo se aproximando; ele simplesmente deseja fugir da prisão.
Finalmente, o macaco pode tentar não tomar conhecimento de que é prisioneiro ou de que existe algo de sedutor em seu ambiente. Age como se fosse surdo e mudo e, portanto, mostra-se indiferente e preguiçoso em relação ao que acontece ao seu redor. Isso é estupidez.
Retrocedendo um pouco, podemos dizer que o macaco nasceu em sua casa ao despertar do desmaio. Não sabe como chegou àquela prisão, por isso presume que sempre esteve lá, esquecido de que ele próprio solidificou o espaço em paredes. Depois, sente a textura das paredes, o que é o Segundo Skandha, Sensação. Depois, relaciona-se com a casa em termos de desejo, ódio e estupidez, o Terceiro Skandha, Percepção-Impulso. Depois, tendo desenvolvido essas três maneiras de relacionar-se com a casa, o macaco se põe a rotulá-la e categorizá-la: “Isto é uma janela. Este canto é agradável. Aquela parede me assusta e é má.” Desenvolve uma estrtura conceitual que lhe permite rotular, categorizar e avaliar a sua casa, o seu mundo, de acordo com o que sente por eles, se os deseja, se os odeia ou se lhes é indiferente. Esse é o Quarto Skandha, Conceito.
O desenvolvimento do macaco até o Quarto Skandha foi razoavelmente lógico e previsível. Mas o padrão de desenvolvimento começa a desagregar quando ele entra no Quinto Skandha, Consciência. O padrão torna-se irregular e imprevisível e o macaco começa a desvairar, a sonhar.
Quando falamos em “desvairo” ou “sonho”, queremos dizer que estamos dando às coisas e aos acontecimentos um valor que eles podem não ter. Possuímos opiniões já definidas sobre o modo como são e deveriam ser as coisas. Isso é projeção: projetamos a nossa versão das coisas sobre o que está ali. Assim, nos afundamos completamente num mundo de nossa própria criação, um mundo de valores e opiniões conflitantes. O desvario, nesse sentido, é uma interpretação errônea das coisas e dos eventos, que empresta ao mundo fenomenal significados que ele não tem.(...)
“Fundamentalmente, só existe o espaço aberto, o solo básico, o que realmente somos”
“ Nós somos esse espaço, nós “somos um” com ele, com a vidya, inteligência e abertura”
“Toda ação sem amor é como plantar uma árvore morta, mas tudo o que se relaciona com o amor é como plantar uma árvore viva”
“o Amor, o caminho aberto, está associado ao ‘que é’”
“Quando uma pessoa manifesta o verdadeiro Amor, não sabe se está sendo generosa para com os outros ou para consigo mesma, porque o Amor é uma generosidade ambiental, sem direção, sem “para mim” e sem “para eles”; é cheia de alegria, de uma alegria que existe espontaneamente, de uma alegria constante no sentido de confiança, no sentido de que a alegria contém uma enorme riqueza, um tesouro”
(Livro-texto: Além do materialismo Espiritual, Lama Chogyan Trungpa)
*Obs: SKANDHA (sânsc.; pāli KHANDA) - agregados que constituem a realidade; forma, sensação, percepção, vontade e consciência.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Ora...
Ora, e tudo será conforme tu orares. Após a oração, não procures a prova no mundo dos cinco sentidos, indagando se já está melhor, se a febre abaixou, se a dor passou, se a inflamação cedeu, etc. Quem vê os sintomas através dos sentidos e duvida da eficácia da oração não está acreditando em Deus, mas nos cinco sentidos. O teu desejo se realizou quando oraste. Entretanto, para ele se manifestar neste mundo das formas, necessita-se de um tempo maior ou menor, dependendo dos fatores e condições criados pela tua mente. (Taniguchi Masaharu, Palavras de Sabedoria)
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Viver como os lírios do campo
Viver como os lírios do campo
Quero viver como os lírios do campo.
Ele não "trabalham nem fiam",
não têm ambição da glória.
Humildes e serenos são os lírios do campo.
Onde há ambição não haverá paz e harmonia,
ainda que seja a ambição de restabelecer
a paz no mundo.
Pensar que se pode obter paz através da ambição
é uma tolice tão grande quanto pescar no mato.
Já tive a grande ambição de tornar-me
um pregador da salvação do mundo.
Para tal, eu precisaria ter o meu nome
amplamente divulgado.
E isso envolve uma série de autopromoção, táticas,
expedientes e estratagemas.
Pesaroso, noto que até mesmo um certo pregador
que exalta a "vida de contrição",
a quem estimo e respeito,
parece esta sendo contaminado pela ambição.
Apesar de pregar a "vida de contrição"
e a "vida norteada pela humildade",
os textos de seu editorial, na primeira página
da revista por ele publicada,
são meras palavras de autopromoção
Aquele que é verdadeiramente humilde
vive o Caminho sem fazer alardes.
Os lírios do campo não pregam o Caminho
com atitudes altaneiras.
Eles vivem o Caminho, simplesmente.
O Caminho está ao alcance de todos.
Os lírios do campo vivem tranquilos
no lugar a eles concedido,
absorvem os nutrientes a eles oferecidos,
são belas flores no tom e no formato permitidos
e fenecem silenciosamente quando chega sua hora.
Os lírios do campo
não pensam em fugir do seu lugar,
nem em absorver outros nutrientes
além daqueles que lhe são destinados.
Fazem desabrochar suas flores,
na cor e no formato peculiares
e não pensam em fugir dos desígnios de Deus.
Isso é viver o Caminho.
Os lírios do campo vivem o caminho.
Os lírios do campo não têm a pretensão de salvar o mundo.
Eles simplesmente vivem o Caminho.
Se alguém lhes perguntar o Caminho,
eles nada dirão,
pois a resposta está no seu próprio viver.
Confesso, envergonhado,
que já tive a ambição
de tornar-me rico e poderoso
e promover grandes obras assistenciais
para salvar os pobres do mundo inteiro.
Para isso, queria ter muito dinheiro.
Passava noites em claro,
pensando num meio de obter dinheiro,
imaginando a vida miserável dos pobres
e a vida luxuosa dos ricos.
A comiseração para com os pobres
e a rejeição contra os ricos -
Que entendam a primeira como amor
e a segunda como ódio,
mas ambas são humanas paixões;
e neste sentido eram igualmente grilhões que me aprisionavam.
Onde há humanas paixões, não há paz.
Como pode alguém estabelecer a paz no mundo,
se não consegue alcançar sua própria paz?
- Eis por que muitas das revoluções sociais
não conseguiram alcançar seus objetivos.
Mas vejo, agora, o verdadeiro caminho da paz.
Os lírios do campo não pretendem angariar fundos
em prol do movimento de salvação do pobres.
Experimente apelar a eles:
"Irmãos, estou faminto; salvem-me!"
Certamente eles se limitarão a lhe oferecer
seus próprios bulbos, dizendo:
"Irmão, queira aceitar isto. É tudo o que tenho".
Eis o verdadeiro Caminho.
Eis a verdadeira paz.
Os lírios do campo não pregam o Caminho
nem têm a pretensão de distribuir dinheiro
para os pobres.
Eles se contentam em viver no lugar que lhes
foi destinado,
absorvendo os nutrientes que lhe são oferecidos.
Vivem segundo os desígnios de Deus,
sem recorrer a mentiras, estratégias e artimanhas.
Não pregam nem Mahayana nem Hinayanas.
Não têm a pretensão de fomentar a reforma social,
nem de tornar-se um pregador da salvação do mundo,
e vivem uma simples vida comum.
Seu próprio viver já é uma grande pregação.
Este é o verdadeiro Caminho.
É o Caminho a ser trilhado pelas pessoas
simples e comuns.
É o Caminho que qualquer um pode seguir
agora mesmo, bastando a ele querer.
O Caminho deve ser acessível a todos.
O viver singelo dos lírios do campo -
nele está o caminho a ser trilhado por nós.
Quero trilhar esse Caminho, a partir de agora.
Quero trilhar esse Caminho, a partir de agora.
Porém, eis que minha esposa me indaga:
"Mas não achas que, no palco deste mundo,
são necessários diversos tipos de personagens?
Se todos se tornarem lírios do campo,
que será deste mundo?
Não é verdade que o progresso do mundo
foi promovido por pessoas que não se
contentavam em ser lírios do campo?".
E eu respondo:
"Falas em progresso?
Pois estás iludida...
Quanto o mundo progrediu com ambições humanas?"
"Imponentes arranha-céus,
isso é progresso?
Belas roupas da moda,
isso é progresso?
Grande número de cientistas,
isso é progresso?
Admitindo-se que tudo isso seja progresso,
até que ponto os sofrimentos humanos diminuíram
desde o nascimento de Buda há três milênios?
"Quanto maior o progresso material,
mais aumentam as aflições do ser humano.
Já pensaste no porquê disso?
Digo-te, pois: é porque o progresso de que falas
baseia-se nas ambições humanas.
É preciso abandonar as ambições.
Só assim se alcança o verdadeiro progresso -
o progresso da alma -, em vez do progresso aparente.
"Disse que quero viver como os lírios do campo,
mas não disse que todos devem ser como os lírios
do campo.
O que quis dizer é que cada um seja autêntico,
seja como ele é.
É assim que se alcançam a paz e a tranquilidade."
Os lírios do campo não têm a pretensão de fazer
desabrochar rosas em seus ramos;
Eles produzem flores que lhes cabe produzir.
Não distorcem a Natureza.
Os lírios do campo não têm a pretensão de transformar
Seus bulbos em batatas;
Eles simplesmente produzem bulbos que lhes cabe produzir.
Não distorcem a natureza.
Falei dos lírios do campo.
Mas tudo o que disse aplica-se também a outras plantas e outros seres.
É natural que na roseira desabrochem rosas.
Quando a roseira vive plenamente sua própria vida,
assim como os lírios do campo vivem sua vida,
em seus ramos desabrocham naturalmente belas rosas.
Militantes da revolução social
e pregadores da salvação da humanidade,
se vocês são simples e sem ambição,
como os lírios ou as roseiras que florescem naturalmente,
e conseguem realizar com êxito a revolução ou a obra de salvação
Com naturalidade e humildade,
então vocês estarão vivendo a vida de que falei:
A vida simples, pura e autêntica,
Como a dos lírios do campo.
Ele não "trabalham nem fiam",
não têm ambição da glória.
Humildes e serenos são os lírios do campo.
Onde há ambição não haverá paz e harmonia,
ainda que seja a ambição de restabelecer
a paz no mundo.
Pensar que se pode obter paz através da ambição
é uma tolice tão grande quanto pescar no mato.
Já tive a grande ambição de tornar-me
um pregador da salvação do mundo.
Para tal, eu precisaria ter o meu nome
amplamente divulgado.
E isso envolve uma série de autopromoção, táticas,
expedientes e estratagemas.
Pesaroso, noto que até mesmo um certo pregador
que exalta a "vida de contrição",
a quem estimo e respeito,
parece esta sendo contaminado pela ambição.
Apesar de pregar a "vida de contrição"
e a "vida norteada pela humildade",
os textos de seu editorial, na primeira página
da revista por ele publicada,
são meras palavras de autopromoção
Aquele que é verdadeiramente humilde
vive o Caminho sem fazer alardes.
Os lírios do campo não pregam o Caminho
com atitudes altaneiras.
Eles vivem o Caminho, simplesmente.
O Caminho está ao alcance de todos.
Os lírios do campo vivem tranquilos
no lugar a eles concedido,
absorvem os nutrientes a eles oferecidos,
são belas flores no tom e no formato permitidos
e fenecem silenciosamente quando chega sua hora.
Os lírios do campo
não pensam em fugir do seu lugar,
nem em absorver outros nutrientes
além daqueles que lhe são destinados.
Fazem desabrochar suas flores,
na cor e no formato peculiares
e não pensam em fugir dos desígnios de Deus.
Isso é viver o Caminho.
Os lírios do campo vivem o caminho.
Os lírios do campo não têm a pretensão de salvar o mundo.
Eles simplesmente vivem o Caminho.
Se alguém lhes perguntar o Caminho,
eles nada dirão,
pois a resposta está no seu próprio viver.
Confesso, envergonhado,
que já tive a ambição
de tornar-me rico e poderoso
e promover grandes obras assistenciais
para salvar os pobres do mundo inteiro.
Para isso, queria ter muito dinheiro.
Passava noites em claro,
pensando num meio de obter dinheiro,
imaginando a vida miserável dos pobres
e a vida luxuosa dos ricos.
A comiseração para com os pobres
e a rejeição contra os ricos -
Que entendam a primeira como amor
e a segunda como ódio,
mas ambas são humanas paixões;
e neste sentido eram igualmente grilhões que me aprisionavam.
Onde há humanas paixões, não há paz.
Como pode alguém estabelecer a paz no mundo,
se não consegue alcançar sua própria paz?
- Eis por que muitas das revoluções sociais
não conseguiram alcançar seus objetivos.
Mas vejo, agora, o verdadeiro caminho da paz.
Os lírios do campo não pretendem angariar fundos
em prol do movimento de salvação do pobres.
Experimente apelar a eles:
"Irmãos, estou faminto; salvem-me!"
Certamente eles se limitarão a lhe oferecer
seus próprios bulbos, dizendo:
"Irmão, queira aceitar isto. É tudo o que tenho".
Eis o verdadeiro Caminho.
Eis a verdadeira paz.
Os lírios do campo não pregam o Caminho
nem têm a pretensão de distribuir dinheiro
para os pobres.
Eles se contentam em viver no lugar que lhes
foi destinado,
absorvendo os nutrientes que lhe são oferecidos.
Vivem segundo os desígnios de Deus,
sem recorrer a mentiras, estratégias e artimanhas.
Não pregam nem Mahayana nem Hinayanas.
Não têm a pretensão de fomentar a reforma social,
nem de tornar-se um pregador da salvação do mundo,
e vivem uma simples vida comum.
Seu próprio viver já é uma grande pregação.
Este é o verdadeiro Caminho.
É o Caminho a ser trilhado pelas pessoas
simples e comuns.
É o Caminho que qualquer um pode seguir
agora mesmo, bastando a ele querer.
O Caminho deve ser acessível a todos.
O viver singelo dos lírios do campo -
nele está o caminho a ser trilhado por nós.
Quero trilhar esse Caminho, a partir de agora.
Quero trilhar esse Caminho, a partir de agora.
Porém, eis que minha esposa me indaga:
"Mas não achas que, no palco deste mundo,
são necessários diversos tipos de personagens?
Se todos se tornarem lírios do campo,
que será deste mundo?
Não é verdade que o progresso do mundo
foi promovido por pessoas que não se
contentavam em ser lírios do campo?".
E eu respondo:
"Falas em progresso?
Pois estás iludida...
Quanto o mundo progrediu com ambições humanas?"
"Imponentes arranha-céus,
isso é progresso?
Belas roupas da moda,
isso é progresso?
Grande número de cientistas,
isso é progresso?
Admitindo-se que tudo isso seja progresso,
até que ponto os sofrimentos humanos diminuíram
desde o nascimento de Buda há três milênios?
"Quanto maior o progresso material,
mais aumentam as aflições do ser humano.
Já pensaste no porquê disso?
Digo-te, pois: é porque o progresso de que falas
baseia-se nas ambições humanas.
É preciso abandonar as ambições.
Só assim se alcança o verdadeiro progresso -
o progresso da alma -, em vez do progresso aparente.
"Disse que quero viver como os lírios do campo,
mas não disse que todos devem ser como os lírios
do campo.
O que quis dizer é que cada um seja autêntico,
seja como ele é.
É assim que se alcançam a paz e a tranquilidade."
Os lírios do campo não têm a pretensão de fazer
desabrochar rosas em seus ramos;
Eles produzem flores que lhes cabe produzir.
Não distorcem a Natureza.
Os lírios do campo não têm a pretensão de transformar
Seus bulbos em batatas;
Eles simplesmente produzem bulbos que lhes cabe produzir.
Não distorcem a natureza.
Falei dos lírios do campo.
Mas tudo o que disse aplica-se também a outras plantas e outros seres.
É natural que na roseira desabrochem rosas.
Quando a roseira vive plenamente sua própria vida,
assim como os lírios do campo vivem sua vida,
em seus ramos desabrocham naturalmente belas rosas.
Militantes da revolução social
e pregadores da salvação da humanidade,
se vocês são simples e sem ambição,
como os lírios ou as roseiras que florescem naturalmente,
e conseguem realizar com êxito a revolução ou a obra de salvação
Com naturalidade e humildade,
então vocês estarão vivendo a vida de que falei:
A vida simples, pura e autêntica,
Como a dos lírios do campo.
Masaharu Taniguchi, Seimei no Jisso volume 20
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