sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Os cinco Skandha (agregados ou elementos)



1º Skandha – Criação da Ignorância-Forma, três aspectos ou fases diferentes que podemos examinar empregando outra metáfora. Suponhamos que, no princípio, haja uma planície aberta sem montanhas nem árvores, uma terra completamente aberta, um simples deserto sem nenhuma característica especial. Eis aí como somos, o que somos. Somos simples e básicos. E, todavia, há um Sol que brilha, uma Lua que brilha, e haverá luzes e cores, a textura do deserto. Haverá alguma sensação da energia que brinca entre o Céu e a Terra. E, assim por diante, indefinidamente.

Depois, estranhamente, surge de improviso, alguém para notar tudo isso. Como se um dos grãos da areia espichasse o pescoço para fora e principiasse a olhar à sua volta. Nós somos o grão de areia, chegando a conclusão do nosso estado de separação. Este é o “Nascimento da Ignorância” em seu primeiro estágio, uma espécie de reação química. A dualidade começou.

A segunda fase da Forma-Ignorância dá-se o nome de “A Ignorância Nascida no Interior”. Tendo reparado que somos isolados, sobrevém a sensação de que sempre fomos assim. É uma inépcia, o instinto da constrangedora consciência e si mesmo.

O terceiro tipo é a “Ignorância que se Observa”, que se vigia. Há um sentido de nos vermos como objeto externo, o que conduz à primeira noção do “outro”. Estamos começando a relacionar-se com um mundo chamado “externo”. É por isso que os três estágios da ignorância constituem o Skandha da Forma-Ignorância; estamos começando a criar o mundo das formas.

2º Skandha – Sensação, como mecanismo de defesa para proteger a nossa ignorância. Desde que já ignoramos o espaço aberto, gostaríamos de sentir as qualidades do espaço sólido a fim de trazer completa satisfação à índole gananciosa que estamos desenvolvendo. Nós solidificamos todo o espaço e transformamos no “outro”.

3º Skandha – Percepção-Impulso, passamos a nos fascinar pela nossa própria criação, cores e as energias estáticas, queremos nos relacionar com elas e, dessa maneira, gradativamente, principiamos a investigá-las. São esses os três tipos de impulso: ódio, desejo e estupidez. Assim sendo, a percepção se refere à recepção de informações do mundo exterior e o impulso se refere à nossa resposta a essas informações.

4º Skandha – Conceito; A fim de proteger-nos e enganar-nos completa e adequadamente, precisamos do intelecto, da capacidade de nomear e categorizar as coisas. Assim rotulamos coisas e eventos qualificando-os “bons”, “maus”, “belos”, “feios”, etc., de acordo com o impulso que julgamos apropriados a eles. O “eu” é o produto do intelecto, o rótulo que unifica num todo o desenvolvimento desorganizado e desperso do ego.

5º Skandha – Consciência; Nesse nível se processa uma amálgama: a inteligência intuitiva do Segundo Skandha, a energia do Terceiro Skandha e a intelectualização do Quarto Skandha se misturam para produzir pensamentos e emoções. Nessas condições, no nível do Quinto Skandha, encontramos os Seis Reinos assim como padrões incontroláveis e ilógicos do pensamento discursivo.

Esse é o retrato completo do ego.

(Livro-texto: Além do materialismo Espiritual, Lama Chogyan Trungpa)

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